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Foto do escritorBruno Almeida

Chart of the Mediterranean, Black Sea and Western Europe, Francesco Beccari, 1403



Author | Autor Francesco Beccari

Date | Data 1403

Country | País Savona (Italy)

Archive | Arquivo Beinecke Rare Book and Manuscript Library

Call number | Número de catálogo Art Storage 1980 158

Dimensions | Dimensões 1390 x 930 mm


Produced in Savona and drawn on two sheets of parchment glued together, this chart by Francesco Beccari has been the object of persistent scholarly attention for its unusual inscription, found on the lower left side. It likewise features no less than three different mile scale bars, drawn on the Atlantic, and an unprecedented latitude scale. This scale, which gives latitudes for the North Atlantic coastline with reasonable accuracy, still puzzles researchers. Some contend that it was drawn at the same time as the chart and others that it was added much later.


The inscription mentioned above is one of the earliest sources describing how data was collected by cartographers. Given the rarity of such evidence, it deserves close attention. First, Beccari notes he has “lengthened the distance of the coasting navigation of the ocean sea by a certain length of miles or leagues, more than the aforesaid Franciscus and others used to set forth upon the large charts (…)”, and that “the marrow of the truth having been discovered concerning these [things] aforesaid through the efficacious experience and most sure report of many, i.e. masters, ship-owners, skippers and pilots (…)”. In short, Beccari here affirms his use of information collected by seamen to correct the length of the coasts of the North Atlantic. Next, he claims to have corrected the position of Sardinia, because it had traditionally “not [been] placed on the charts in its proper place by the above-mentioned masters.”


These assertions have long intrigued researchers and more recently have been assessed by means of a detailed cartometric analysis. It seems that Beccari indeed made some changes to the length of the Atlantic coast, but there was no evident improvement to the accuracy of Sardinia’s location.


Regarding the geographical content, this work covers the usual portolan chart area and part of the north Atlantic coast of Europe, along with the British Isles. Mythical islands in the Atlantic and, a bit surprisingly, some islands not yet officially “discovered” are drawn on the chart perhaps reflecting earlier suspicions of their existence. For example, although only formally claimed by Portugal in 1419, Beccari’s chart already includes an Insula de legname (Madeira) and Porto Santo. This was not the first time these islands were recorded cartographically.These already appeared decades before in the Medici-Laurentian atlas (dated 1351, possibly produced around 1370). Such cases are an example of the complex interplay between voyaging and cartography, with the chart serving as a zone for preserving, asserting, and amending geographical knowledge.


Noteworthy, the chart does not exhibit wind roses, although Beccari signaled the eight principal winds on the outline of the rhumb lines. Other decorations are also worth noticing. Beccari made an effort to signal some cities with important Christian temples such as, for example, Jerusalem, Avignon, Cologne and Santiago Compostela. In what concerns heraldry, there are only two flags, one with the coat of arms of Savona, where he was working at the time, and the other with the coat of arms of Ile de France, suggesting a possible connection with the city of Paris.

For all that still remains unknown it is expected that, in the future, researchers continue to dedicate a close attention to this eminent portolan chart.


Versão Portuguesa


Desenhada por Francesco Beccari, na cidade de Savona, sobre dois pergaminhos colados entre si, esta carta portulano tem merecido bastante atenção dos investigadores devido a um texto inscrito na parte de baixo, do lado esquerdo. Além desta característica rara, a carta apresenta nada menos que três barras de escala de milhas diferentes, desenhadas no Atlântico, e uma escala de latitude sem antecedentes. Essa escala, que fornece latitudes para a costa do Atlântico Norte com razoável precisão, ainda intriga os investigadores. Alguns afirmam que foi desenhado ao mesmo tempo que a carta, enquanto outros que foi adicionada muito mais tarde.


A inscrição mencionada acima é uma das primeiras fontes que descrevem como os cartógrafos recolhiam informação, e a sua raridade merece atenção especial. Em primeiro lugar, Beccari afirmou que “aumentou a distância da navegação costeira do mar oceano por um certo comprimento de milhas ou léguas, mais do que o referido Franciscus e outros costumavam instituir nas cartas grandes (...)”, e “tendo sido o fundamento sobre estas [coisas] ditas acima, descoberto através da experiência eficaz e do relato mais seguro de muitos, isto é, mestres, armadores, capitães e pilotos (...)”. Em suma, Beccari revelava que usara informações reunidas por marinheiros para corrigir a extensão das costas do Atlântico Norte. Em seguida, sublinhou que corrigiu a posição da Sardenha, uma vez que tradicionalmente “não [foi] colocada nas cartas no seu devido lugar pelos mestres acima mencionados.”


Essas afirmações há muito que intrigam os investigadores tendo, recentemente, sido avaliadas por meio de uma análise cartométrica detalhada. Concluiu-se que Beccari, de facto, fez algumas alterações no comprimento das costas do Atlântico, mas não se registaram melhorias evidentes na precisão da localização da Sardenha.

Em relação ao conteúdo geográfico, este mapa mostra a área normal das cartas portulano e também parte da costa do Atlântico Norte da Europa, juntamente com as Ilhas Britânicas. Denota-se a existência de algumas ilhas lendárias no Atlântico e, um pouco surpreendentemente, também de algumas ilhas que ainda não tinham sido oficialmente “descobertas”, o que pode indiciar anteriores suspeitas da sua existência. Por exemplo, embora tendo sido formalmente reivindicadas por Portugal em 1419, a carta de Beccari já mostra uma Insula de legname (Madeira) e Porto Santo. Esta não foi a primeira vez que essas ilhas foram registadas pela cartografia uma vez que já tinham surgido anteriormente no atlas Mediceo Laurenciano (datado de 1351, possivelmente produzido por volta de 1370). Esses casos exemplificam as interacções complexas entre viagens e cartografia, em que os mapas serviam como uma plataforma para preservar, afirmar e corrigir o conhecimento geográfico.


A carta não exibe rosas-dos-ventos, embora Beccari tenha sinalizado os oito ventos principais no contorno exterior da malha de rumos. Outras decorações também merecem destaque. Beccari fez um esforço para sinalizar algumas cidades com importantes templos cristãos como, por exemplo, Jerusalém, Avinhão, Colónia e Santiago Compostela. No que diz respeito à heráldica, registam-se apenas duas bandeiras, uma com o brasão de Savona, onde ele trabalhava na época, e a outra com o brasão da Ile de France, sugerindo uma possível ligação com a cidade de Paris.


Por tudo o que ainda se desconhece, espera-se que, no futuro, os investigadores continuem atentos a esta relevante carta portulano.


Further reading | Leitura complementar

  • Campbell, T. (1987). Portolan charts from the late thirteenth century to 1500, in D. Woodward (ed.), The History of Cartography, vol. 1, Cartography in Prehistoric, ancient, and medieval Europe and the Mediterranean, Chicago 1987, pp. 371-463.

  • Dias, Gonçalo A. S. (2018). Investigating Beccari’s Claims with New Cartometric Methods. e-Perimetron 13 (3): 141–60.

  • Kraus, H. P. (1961). Twenty-Five Manuscripts. Vaduz, Liechtenstein: Rare Books.

  • Lepore, F., M. Piccardi, E. Pranzini (2012). The autumn of mediaeval portolan charts. Cartometric issues. e-Perimetron 7(1): 16-27.

  • Lepore, F., M. Piccardi, and E. Pranzini (2017). Latitudine senza latitudine. Determinazioni astronomiche e carte per navigare dell’Europa tardo-medievale: le innovazioni di Francesco Beccari. Studi Costieri 22: 33-110.].

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