Chart of the Week | Chart of Pietro Vesconte, 1311, Florence Archives
Author | Autor Pietro Vesconte
Date | Data 1311
Country I País Italy
Archive | Arquivo Archivio di Stato di Firenze
Call number |Número Catálogo CN 01
Dimensions | Dimensões 630 x 480 mm
The 1311 chart of Pietro Vesconte is the earliest extant example of a signed, dated nautical chart. It is drawn on a sheet of parchment with the neck oriented towards the east.
While the 1311 chart does not dazzle with the opulence of some later luxury cartographic works, it is notable for the extreme care taken by the chartmaker, evidenced by its tidy coloring, crisp line, and fine handwriting. The relationship between its geographical content and narrow chevron-patterned border, characteristic of Vesconte’s output, also merits comment. Looking at the chart with north up, we can see that on the left edge some coastlines extend beyond the border, and on the top right, the border is interrupted altogether, allowing the compass lines (or rhumb lines) to explode outward and accommodate a depiction of the Black Sea. The chart includes two signatures, both in Latin. One of the signatures is in a hand similar to that of the chart’s placenames. The signature on the neck of the chart appears to be in a different hand, is not written in standard Latin (the word fecit, meaning “made,” is written feciti), and renders the chart author’s surname “Veschonte.”
Despite its venerable age (now exceeding 700 years), the chart has sustained only modest damage. One hole, on the top left edge of the chart, may have an explanation more interesting than inevitable wear and tear. Circular, with regular edges bearing the greenish tinge often indicative of oxidized metal residues, this perforation was the location at which the chart was attached with nails to a dowel, allowing it to be rolled up when not in use. Such a rod was still fixed to the chart when it was examined and described by Cesare Paoli in 1881. Nowadays, for conservation purposes, the chart is stored flat.
Another piece of this artefact’s history reveals itself on closer inspection of the chart’s drawings. Besides the usual coastlines, it includes a charming sketch of the region inland of the Dalmatian shores and three manicules. Manicules (from the Latin for “little hand”) are readers’ marks meant to draw attention to a passage in a text, similar to modern-day highlighting. On the 1311 chart, they are positioned at Ancona (a center of the 14th century “Adriatic Renaissance”), Pisa (the longtime rival of Vesconte’s home Republic of Genoa), and Rome. Such marks of use do not appear on any other chart by Vesconte, and are a rarity in nautical charts more generally.
Português
A carta de Pietro Vesconte de 1311 é o mais antigo exemplo conhecido de uma carta náutica assinada e datada. Foi desenhada num pergaminho, com o pescoço orientado para leste. Embora não se revista da opulência de alguns trabalhos luxuosos posteriores, destaca-se pelo extremo cuidado posto pelo cartógrafo na sua execução, evidenciado pela organização das cores, linhas nítidas e qualidade da caligrafia. A relação entre o seu conteúdo geográfico e o padrão em zig-zag da estreita cercadura, característicos da produção de Vesconte, também merece ser comentada. Observando a carta com o Norte para cima, podemos verificar que algumas linhas de costa junto à margem esquerda se estendem para lá da cercadura e que, no extremo superior direito, esta é interrompida, permitindo que as linhas de rumo se expandam para fora e possibilitando a inclusão do Mar Negro. A carta contém duas assinaturas, ambas em Latim. Uma delas, numa caligrafia semelhante à dos nomes geográficos; a outra, no pescoço da carta, parecendo ter sida feita por mão diferente, num Latim não-padrão (a palavra fecit, que significa ‘feita’, é escrita como feciti), e escrevendo o nome do autor como “Veschonte”.
Não obstante a sua vetusta idade (mais de 700 anos), a carta sofreu poucos danos. Um buraco, no extremo superior esquerdo, pode ter uma explicação mais interessante do que o inevitável desgaste do tempo. A forma circular, de bordas regulares em tons esverdeados, indicando a presença de resíduos metálicos oxidados, mostram que este buraco foi o local onde a carta estava fixada com pregos a um pino, permitindo que fosse enrolada quando não estava em uso. Este rolo encontrava-se ainda preso à carta quando esta foi analisada e descrita por Cesare Paoli, em 1881. Nos nossos dias, e por razões de conservação, a carta é armazenada estendida.
Um outro indício da história deste artefacto é revelado pelo exame detalhado do seu conteúdo gráfico. Para além das usuais linhas de costa, a carta inclui ainda um esboço encantador da região interior à costa da Dalmácia, e ainda, três manículas. ‘Manículas’ (do Latim “pequena mão”) são marcas deixadas pelo leitor, usualmente destinadas a chamar a atenção para passagens de um texto, tal como os métodos de realce utilizados nos nossos dias. Nesta carta de 1311, elas estão posicionadas em Ancona (um centro do “Renascimento do Adriático”, no século XIV), Pisa (a desde sempre rival da república de Génova, e lar de Vesconte), e Roma. Estas marcas de uso não aparecem em mais nenhuma outra carta de Vesconte, e são uma raridade na cartografia náutica, em geral.
Further reading | Leitura complementar
Paoli, C. (1881). Una carta nautica genovese del 1311. Archivio Storico Italiano, 7(123), 381-384.
Sherman, W. H. (2005). Toward a History of the Manicule. Owners, annotators and the signs of reading, 19-48.
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