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Foto do escritorJoaquim Gaspar

Chart of the Week | [Pedro Reinel], c. 1517, Portugal


Author | Autor [Pedro Reinel]

Date | Data c. 1517

Country | País Portugal

Archive | Arquivo Bibliothèque nationale de France

Call Number | Número de Catálogo CPL GE AA-565 (RES)


Among the old maps and charts previously kept at the Library of the German Army, lost after World War II, the chart attributed to Pedro Reinel from c. 1517, depicting the Indian Ocean and the Moluccas, was one of the most valued. Two reproductions survived: the coloured facsimile made by Otto Progel in 1843, now kept at Bibliothèque National de France, and the black and white photograph ordered by Armando Cortesão from around 1935. This chart was first noticed in 1891 by Ernest-Theodore Hamy, who readily attributed it to Pedro Reinel calling attention to the early representation of the Moluccas. Later, it was revisited by other historians, including Armando Cortesão and Teixeira da Mota in the Portugaliae Monumenta Cartographica. The chart represents the Indian Ocean and part of southeast Asia, including Sumatra, the Malayan Peninsula, Java, and the Moluccas. Its eastern section is probably the result of a survey made during the diplomatic mission mandated by Afonso de Albuquerque in 1511-1512, when the Moluccas were first visited by the Portuguese.


Some unique features make this representation historically important. Firstly, it is one of the earliest nautical charts to depict the Indian Ocean and Southeast Asia in a realistic way, replacing the traditional Ptolemaic representation. Secondly, it displays the Moluccas in their correct geographical context and position, to the west of Halmahera Island. A further unexpected detail, never addressed (to my knowledge) by historians, is the sketchy line that continues the Malayan Peninsula to the north, then inflects to the south, enclosing Japan, Southeast Asia, and the Philippines in an enormous gulf. This is the same Great Gulf (Magnus Sinus) represented in medieval Ptolemaic depictions. Later, it was reproduced in the lavish Atlas Miller (c.1519), where it has been interpreted by scholars as a deliberate manipulation aimed at dissuading the Spanish Crown from reaching the Moluccas sailing west. However, this was not a totally implausible representation at the time. After Vasco da Gama reached India from the Atlantic, the traditional representation of the Indian Ocean as a closed sea was abandoned, but the underlying concept of a large world ocean surrounded by land managed to survive. This same concept was defended by Duarte Pacheco Pereira in his Esmeraldo de Situ Orbis (1506) and apparently adopted in the Piri Reis Atlantic chart of 1513. On the Piri Reis chart, mostly copied from Portuguese sources, the southern part of South America has been extended to the east, as in the world map of Lopo Homem included in the Atlas Miller.


It seems unlikely, however, the Ptolemaic-type depiction of Southeast Asia on the Pedro Reinel chart was a deliberate manipulation. In 1517, the geography of the region was still poorly known, as revealed by the fragmentary representation of Java and Banda Seas on this chart. It could well be the cartographer, lacking robust data, decided to fill some of the still-unexplored coastlines with the corresponding traditional Ptolemaic layout, including the Gulf of Bengal and the imaginary Great Gulf. Later, in a chart of c. 1522, Reinel abandoned the solution: the sketchy lines are no longer visible and the imaginary gulf is gone. This is also the case in the Kunstmann IV planisphere, likewise prepared by Pedro Reinel and his son, Jorge Reinel, around 1519 as a gift to King Carlos I of Spain, in preparation for the Magellan mission. The identical configuration of the Moluccas, Sumatra, and Java on the three charts indicates that either Pedro Reinel ‘s chart of c. 1517 was the source, or they all shared a common model.


Versão Portuguesa


Entre os mapas e cartas antigos anteriormente conservados na Biblioteca do Exército alemão e desaparecidos durante a II Guerra Mundial, a carta náutica de c. 1517 atribuída a Pedro Reinel, que representa o Oceano Índico e as Molucas, era uma das mais preciosas. Existem duas reproduções: o fac-símile a cores desenhado por Otto Progel em 1843, actualmente conservado na Bibliothèque Nationale de France, e a fotografia a preto e branco comissariada por Armando Cortesão com datação aproximada de cerca de 1935. Esta carta náutica foi pela primeira vez assinalada por Ernest-Theodore Hamy, que prontamente a atribuiu a Pedro Reinel, salientando a atenção para a representação primitiva das Molucas. A mesma carta foi, mais tarde, revisitada por outros historiadores, incluindo Armando Cortesão e Teixeira da Mota, na publicação Portugaliae Monumenta Cartographica. A carta representa o Oceano Índico e parte do Sueste Asiático, incluindo Sumatra, a Península da Malásia, Java e as Molucas. A sua parte oriental é provavelmente o resultado do levantamento efectuado durante a missão diplomática enviada por Afonso de Albuquerque em 1511-1512, quando as Molucas foram visitadas pela primeira vez pelos portugueses.


Algumas características singulares tornam esta representação historicamente importante. Em primeiro lugar, é uma das mais antigas cartas náuticas conhecidas representando o Oceano Índico e o Sueste Asiático de forma realista, substituindo a tradicional representação ptolemaica; em segundo lugar, a carta náutica mostra as Molucas no correcto contexto geográfico e posição, a oeste da ilha de Halmahera. Um outro pormenor inesperado, nunca referido (que eu saiba) pelos historiadores, é a linha esboçada que acrescenta a Península Malaia para norte, inflectindo depois para sul de modo a envolver o Japão, o Sueste Asiático e as Filipinas num enorme golfo. Este é o mesmo Grande Golfo (Magnus Sinus) figurado nas representações ptolemaicas medievais. Mais tarde foi reproduzido no luxuoso Atlas Miller, e interpretado por historiadores como uma manipulação deliberada, destinada a dissuadir a Coroa Espanhola a chegar às Molucas navegando para ocidente. Contudo, tal representação não seria totalmente implausível nesta época. Depois de Vasco da Gama chegar à Índia através do Atlântico, a representação tradicional do Oceano Índico como um mar fechado foi abandonada, mas o conceito subjacente de um grande oceano mundial rodeado de terra por todos os lados logrou sobreviver. Este mesmo conceito foi defendido por Duarte Pacheco Pereira no seu Esmeraldo de Situ Orbis (1506) e aparentemente adoptado na carta atlântica de Piri Reis (1513). Na carta de Piri Reis, em grande parte compilada de fontes portuguesas, a parte meridional da América do Sul é prolongada para oriente, tal como no mapa mundo de Lopo Homem incluído no Atlas Miller.


Parece, contudo, improvável que a representação ptolemaica do Sueste Asiático nesta carta de Pedro Reinel seja uma manipulação deliberada. Em 1517, a geografia da região era ainda pouco conhecida, tal como transparece da representação fragmentária dos mares de Java e de Banda. É, portanto, credível que o cartógrafo, na falta de dados náuticos fiáveis, tenha decidido preencher as linhas de costa ainda por explorar com as correspondentes representações ptolemaicas tradicionais, incluindo o Golfo de Bengala e o imaginário Grande Golfo. Mais tarde, numa carta de c. 1522, Reinel abandonou esta solução, tendo as linhas esboçadas e o imaginário golfo desaparecido. Tal é também o caso do planisfério Kunstmann IV, provavelmente preparado pelo mesmo Pedro Reinel e seu filho Jorge Reinel por volta de 1519, como oferenda destinada ao rei Carlos I de Espanha, durante a preparação da missão de Magalhães. As configurações idênticas das Molucas, Sumatra e Java nas três cartas sugerem que ou a carta náutica de c. 1517 foi utilizada como fonte ou todas partilharam o mesmo modelo cartográfico.


Further Reading | Leitura Complementar

  • E. T. Hamy, ‘L’oeuvre géographique des Reinel et la découverte des Moluques’. Comptes rendus des séances de l'Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, 35, 3 (1991): 191-192.

  • Armando Cortesão and Avelino Teixeira da Mota, Portugaliae Monumenta Cartographica, Vol. I (Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1987), pp. 33-36.

  • José Manuel Garcia (ed.), O Livro de Francisco Rodrigues. O Primeiro Atlas do Mundo Moderno (Porto: Editora da Universidade do Porto, 2008).

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