Chart of the Week | Pizzigano Chart, 1424, Italy
Author | Autor Zuane Pizzigano
Date | Data 1424
Country | País Venice
Archive | Arquivo John Ford Bell Library
Call number | Número de Catálogo 1424mPi
Dimensions | Dimensões 570 x 880 mm
The Pizzigano Chart, signed by Venetian cartographer Zuane Pizzigano and dated 1424, is the earliest known nautical chart focusing singularly upon the Atlantic Ocean rather than the Mediterranean Sea. Nothing is shown east of Barcelona (barzaluna) in Spain and Béjaïa (buzia) in Algeria, though there is ample parchment to draw more of the coastlines of the Mediterranean. Five holes on the right edge of the parchment indicate that it was once attached and rolled onto a wooden rod, a not-uncommon solution for storing and displaying portolan charts. The Macaronesian archipelagos of Madeira, Canaries, and Cape Verde Islands are shown with many of the same names they have today, though a few individual islands are missing. Some of the so-called “False Azores” (a group of fictional islands sometimes shown on charts approximating the Azores) are shown with variant spellings of their typical names, such as ixola de uentula (Ventura), ixoa de braxil (Brasil), capiria (Capraria), and louo (Lobo Marino). Though the chart appears to reflect the needs of a navigator sailing out of the Mediterranean Sea, across the Bay of Biscay, and on to the markets of Britain, Flanders, and Holland, the prominence given to the several legendary islands betokens another, special purpose for this chart.
Dominating the image is the island of Antilia and its companion, Satanazes, brightly coloured in red and blue, respectively, as are the other islands, both real and imaginary. The Pizzigano Chart contains the first cartographic representation of the famous, and nonexistent, legendary island of Antilia. The origin of Antilia is one of the more intriguing mysteries on old maps. Some theories posit that Antila arose from the legend of Atlantis, or from Arab tales of the Dark Sea. A more prosaic option would have the island emerge from a misreading of an earlier map inscription. Its name could likewise come from Anti-Ilha, Portuguese for ‘Opposite Island’ (that is, opposite from Portugal), perhaps indicating early knowledge of the Azores or the Caribbean. Finally, the name could be related to Tilia, Tile, or Thule, a fabulous island to the north of Europe.
Almost immediately upon Columbus's return from his first voyage, even before he had arrived in Spain, a belief arose among the Portuguese that the islands he had discovered were those of Antilia, and not the coast of Asia. This opinion that Columbus had discovered the legendary islands of Antilia is the reason the (non-fictional!) Antilles in the Caribbean were given their name.
Sometime in the fifteenth century, the phantom island of Antilia became identified with the Island of the Seven Cities, another legendary island of the Atlantic. The tale of the Island of the Seven Cities tells of seven Visigothic bishops who fled the Umayyad conquest of Iberia in the eighth century. Finding refuge on a remote island, they established seven cities. It is most probable, the bishops had escaped to Ireland, the last sanctuary of Christianity in Western Europe during the invasions of the early mediaeval period.
The numerous legendary islands depicted on fifteenth century Italian portolan charts were not mere whimsy to Portuguese kings and navigators. Indeed, it could be argued that such terrestrial footholds, albeit imaginary, supported suppositions that there was land, hitherto unknown, to the west beyond the Atlantic. Between the years 1428 and 1490, the Portuguese planned or fitted out fifteen expeditions in search of Antilia or the Island of the Seven Cities. Some of these expeditions led to the discoveries of the western islands of the Azores. Though the Island of the Seven Cities was never found, for a time its name was applied to North America, gradually becoming localized in the American Southwest and being identified with Cibola, a mythical Zuni pueblo of fabulous wealth. Similarly, Italian mapmakers briefly used the name Antilia to refer to South America. Even as empirical geographic knowledge accumulated, the islands of Antilia and the Seven Cities continued to pop up, undaunted by their tenuous claims to reality, on charts and maps well into the sixteenth century.
Versão Portuguesa
A Carta Pizzigano, assinada pelo cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano, datada de 1424, é a primeira carta náutica conhecida com foco no Oceano Atlântico, e não no Mar Mediterrâneo. Nada é mostrado a leste de Barcelona (barzaluna) na Espanha e Béjaïa (buzia) na Argélia, embora haja um amplo pergaminho para desenhar mais linhas de costa do Mediterrâneo. Cinco orifícios na borda direita do pergaminho indicam que já foi preso e enrolado numa haste de madeira, uma solução comum para armazenar e exibir cartas portulanos. Os arquipélagos da Macaronésia da Madeira, Canárias e Cabo Verde são representados com os mesmos nomes que têm hoje, embora algumas ilhas individuais estejam ausentes. Alguns dos chamados “Falsos Açores” (um grupo de ilhas fictícias às vezes representada em cartas que se aproximam dos Açores) são representados com grafias variantes de seus nomes típicos, como ixola de uentula (Ventura), ixoa de braxil (Brasil), capiria (Capraria) e louo (Lobo Marino). Embora a carta pareça refletir as necessidades de um navegador que sai do Mar Mediterrâneo, atravessa o Golfo da Biscaia e segue para os mercados da Grã-Bretanha, Flandres e Holanda, a proeminência dada às várias ilhas lendárias indica outro propósito especial para esta carta.
Dominando a imagem está a ilha de Antilia e sua companheira, Satanazes, coloridas a vermelho e azul respectivamente, assim como as outras ilhas, reais e imaginárias. A Carta de Pizzigano contém a primeira representação cartográfica da famosa, e inexistente, ilha lendária de Antilia. A origem de Antilia é um dos mistérios mais intrigantes dos mapas antigos. Algumas teorias afirmam que Antila surgiu da lenda da Atlântida ou dos contos árabes do Mar Negro. Uma opção mais prosaica seria a ilha emergir da leitura incorreta de um mapa anterior. O seu nome também pode vir de Anti-Ilha, português para ‘Ilha Oposta’ (isto é, oposto a Portugal), talvez indicando um conhecimento anterior dos Açores ou das Caraíbas. Finalmente, o nome pode ser relacionado a Tilia, Tile ou Thule, uma ilha fabulosa ao norte da Europa.
Quase imediatamente após o regresso de Colombo após a sua primeira viagem, antes mesmo de chegar à Espanha, surgiu entre os portugueses a crença de que as ilhas que este havia descoberto eram as de Antilia, e não a costa da Ásia. Essa opinião de que Colombo descobriu as lendárias ilhas de Antilia é o motivo pelo qual as (não fictícias!) Antilhas do Caribe receberam seu nome.
Algures durante o século XV, a ilha fantasma de Antilia foi identificada como sendo a Ilha das Sete Cidades, outra ilha lendária do Atlântico. O conto da Ilha das Sete Cidades relata a história de sete bispos visigodos que fugiram da conquista de Omíada da Península Ibérica no século VIII. Encontrando refúgio numa ilha remota, acabaram por estabelecer sete cidades. É muito provável que os bispos tenham escapado para a Irlanda, o último santuário do cristianismo na Europa Ocidental durante as invasões no início do período medieval.
As numerosas ilhas lendárias descritas nas cartas portulanas italianas do século XV não eram um mero capricho para os reis e navegadores portugueses. Na verdade, pode-se argumentar que tais bases terrestres, embora imaginárias, sustentavam suposições de que havia terras, até então desconhecidas, a oeste além do Atlântico. Entre os anos 1428 e 1490, os portugueses planearam ou montaram quinze expedições em busca de Antilia ou Ilha das Sete Cidades. Algumas destas expedições levaram à descoberta das ilhas ocidentais dos Açores. Embora a Ilha das Sete Cidades nunca tenha sido encontrada, o seu nome foi aplicado à América do Norte durante algum tempo, localizando-se gradualmente no sudoeste americano sobre o nome de Cibola, um mítico povoado Zuni de fabulosa riqueza. Da mesma forma, os cartógrafos italianos usaram brevemente o nome Antilia para se referir à América do Sul. Mesmo com o acumulado conhecimento geográfico empírico, as ilhas de Antilia e as Sete Cidades continuaram a surgir, sem se intimidar com suas pretensões à realidade, em cartas e mapas até ao século XVI.
Further reading | Leitura complementar
● Babcock, William H., Legendary Islands of the Atlantic: A Study in Medieval Geography (New York: American Geographical Society, 1922; rep. 1975).
● Cortesão, Armando, The Nautical Chart of 1424 (Coimbra: University of Coimbra, 1954).
● Johnson, Donald S., Phantom Islands of the Atlantic (New York: Walker Publishing, 1996).
● Ramsay, Raymond, No Longer on the Map (New York: Viking Press, 1972).
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